terça-feira, agosto 04, 2009

Tasquinhas de "eu e você".



Onde foi que nós erramos? Onde foi que eu errei? Aonde foi que deixamos nosso erro? Passamos por tantas, por poucas e boas, eu e você. Música boa e música ruim. Nos sobraram alguns poucos bons discos, bons de resgatar. Tudo na nossa vida, apesar dos pesares, é tão bom de resgatar. Conforto e rede repartida. Beira da praia e casa de pescador. Vida boa, separação, idas e vindas, viagens, desilusão. Nunca me perdoei por te fazer chorar, um certo dia, mesmo tendo chorado tanto por você. Provavelmente mais! Provavelmente muito mais! Um fim de julho catastrófico, cheio de azar. E você nem pra estar em casa, pra atender meu telefonema.

Você pareceu bem você, aquela de antigamente. Aquela insegurança que rasga o peito e deixa de noite pensando em como poderia ser diferente, em como seria se nada daquilo existisse. Tens razão quando diz que levava mais vantagem antes. Nem aí! Mas aí quem sabe se seríamos assim, tão eu e você?! Tão fácil, sem precisar provar, sem precisar explicar, sem precisar escrever. Eu quis tanto que você estivesse ali, aquele ar de cidade pequena, beira-mar, o velho mundo tão jeri. Faltava eu e você, e uma turma de bons amigos pra testemunhar. Volta lá comigo?!

Uma história assim tão pra sempre não precisa de capítulos ruins. Uma música tipo barzinho, um vinho e uns queijos caem muito melhor. Muito melhor mesmo! Tantos cenários, eu e você. Tantos encontros e desencontros. Tantos encaixes. Quantos momentos inesquecíveis. Das festas, de dormir no carro, de curtir a vida, de não dormir! Queijos e vinhos! E assim eu ficaria aqui a chorar por você, por imaginar não te ter, não participar da tua vida. Prefiro sentir de novo, mais perto. Beijar tua boca, sentir teu cheiro, teu gosto. Beijar teu pescoço, afastar e ver de perfil o rosto lindo, cabelo preso, ouro amarelo "vinteedois" e cristais de nome chique. Como queijos e vinhos, como eu e você. Recíproco! Queijos e vinhos? Eu e você? Que tal? Aceita o convite?

O fim do ano novo.

Ele definitivamente não gostava de escrever na primeira pessoa. E tinha uma mania terrível de escrever sobre suas escritas, de ficar pensando nas suas ideias. Um vento frio batendo nas costas, vindos daquela fresta indesejável da janela quebrada. Ele achava linda, a janela quebrada com a moldura de pedra original da típica construção portuguesa. Passaram a noite toda ouvindo música velha e lembrando de como era bom fazer isso em casa, com os amigos e até com os pais. Deu bem uma saudade grande das noites chatas com os pais.

Doze anos depois fica mais fácil entender tudo aquilo. Bem vindo a 2021. É! Você vai estar aqui: bem vindo a 21! A essa altura já passamos por umas três copas do mundo (é assim que os homens contam tempos tão longos), doze turbulências econômicas e mais um vexame do Brasil em casa, bem no Maraca! E a gente, ein?! Sempre gostei de músicas estranhas, mas só pra ouvir sozinho. Me bate um branco danado e não lembro mais de nada. Me ajuda?

Afundou numa depressão sem fim, daquelas que se disfarça com trabalho durante o dia, mas que à noite consome a alma. Faltava-lhe inspiração e sobrava saudade do passado. Uma pena ter dado tudo tão errado. Ficou tão amargo que nem toda aquela história de sucesso que almejava, doze anos atrás, lhe parecia bastante. Ela tinha muita razão quando pensava nisso. Era muito difícil a essa altura, parar e mudar a música. Preferiu, então, mudar o disco, virar a página, escolher um novo livro de cabeceira e pensar em um novo destino para sua próxima viagem solitária.

A quem esperava, sinceras desculpas. Essa é uma estória deprimente, sem final feliz. Melhor: sem final! Fuck off!