quarta-feira, junho 04, 2008

A dor voltou mas o sono veio.

Antes mesmo de começar a escrever já havia se arrependido de tirar a máquina de escrever lá de cima do armário. Se arrependeu do que escreveu ontem, o texto sem metáforas e numa primeira pessoa desnuda. Aberto demais, diferente das artimanhas que aprendera a utilizar. Se arrependeu, mudou de idéia, não quis mais. Foda-se se ela não se vê mais, se você não se vê mais, se vocês não sabem enxergar.

E acabou chegando à conclusão de que não vale a pena achar, ali naquela noite, que vale a pena, pra depois ter que carregar a cabeça pesada por aquela dor chata que não passa. Dor desviada, que devia doer no peito, mas que o próprio corpo engana, pra que ele sofra sem ter que parar de pensar. Ela é chata, pensou. E é mais arrogante que ele. É possível? Hoje foi. E ele achou que seria muita besteira perder seu tempo precioso pra ficar com raiva dela. Era melhor guardar aquela imagem linda que construira, que ela mesmo parecia fazer de tudo para desconstruir.

Escreveu sobre isso e sobre como andava se sentindo nos últimos dias, depois daquele fatídico incidente. Essa coisa de voltar ao normal estava lhe deixando irritado. Trabalhar na hora que não queria, falar com quem não desejava, beber pouco e tudo mais por pura falta de tempo... Pensar em guardar algum dinheiro e em como seria seu apartamento novo. Tudo isso parecia um saco e lhe causava uma insuportável dor. Dor de cabeça que começa a voltar e que nada mais é do que parte dele pedindo pra ter de novo e outra muito maior lembrando que não vale a pena ser infantil e afobado.

Um comentário:

Unknown disse...

Quanta coisa nova pra ler... lindas como sempre.

Espero que a "dor de cabeça" passe!