segunda-feira, junho 09, 2008

Em algum lugar do passado

Saiu mais cedo do trabalho. Até porque fora lá só para bater ponto mesmo. Saiu muito tarde de casa, depois de recusar todas as chamadas insistentes do velho telefone preto da sala. Com algum sacrifício, levantou correndo e atendeu apenas uma, que avisava que o dia ia ser mais sem graça do que já estava prevendo. Devia ser a ressaca de um final de semana atípico, com pouca bebida e nada de farra. Pôs algo para tocar e viajou com as músicas que ouvira outro dia, naquela noite muito boa e muito estranha, paradoxalmente combinada e imprevista.

Pensou em assitir (a) um filme pescoçudo, mas logo desistiu de todos. Viu as horas no relógio passarem com a incredulidade de quem nunca tem tempo livre para nada. Perdeu um tempo danado decidindo entre o disco novo dos Beatles e um outro muito moderninho, como se fizesse muita diferença para sua inspiração. Discutiu um assunto importante que já estava lhe tirando do sério e viu sua vontade de fazer qualquer coisa se esvair nos últimos minutos daquela hora, a última do dia.

Foi procurar em algum lugar do passado alguma explicação para essa mudança constante de humor. Não havia motivo para isso, tudo tão normal, as coisas fluindo tão bem. Leu alguns trechos de Bukowski e de outro autor desconhecido, umas histórias chatas, sem graça e excessivamente cheias de álcool e desgraça. Nada do que queria. Talvez a explicação de tudo esteja mesmo em algum lugar do passado, talvez distante, talvez nem tanto. Mas, seja como for, já vale a pena pela trilha sonora, uma das melhores de todos os tempos.



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